Solo saudável, produção sustentável
Solo saudável é a base da produtividade agrícola e da sustentabilidade no campo.
A saúde do solo é um dos pilares fundamentais para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade da produção agrícola. Ele não apenas fornece suporte físico às plantas, mas também é responsável por armazenar água, nutrientes e manter uma complexa rede de microrganismos essenciais para o desenvolvimento vegetal. Contudo, fatores como o uso excessivo de fertilizantes químicos, a erosão e o manejo inadequado estão comprometendo a qualidade dos solos em diversas regiões do mundo.
A preservação do solo deve estar no centro das práticas agrícolas modernas. Solos saudáveis aumentam a resiliência das lavouras frente às mudanças climáticas, reduzem a necessidade de insumos sintéticos e garantem uma produção sustentável a longo prazo. Tecnologias como o NAC, que não deixa resíduos e promove a mitigação do estresse oxidativo das plantas, é um exemplo de inovação voltada para uma agricultura mais equilibrada e produtiva.
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Tecnologia NAC: inovação da ciência brasileira para agricultores
Além disso, práticas de manejo sustentável, como rotação de culturas, uso de bioinsumos e recuperação da matéria orgânica do solo, são essenciais para a manutenção da fertilidade e para garantir que os agricultores colham bons resultados, safra após safra. É necessário um esforço conjunto entre empresas, produtores e instituições de pesquisa para transformar a forma como produzimos alimentos, garantindo que as futuras gerações tenham acesso a solos férteis e produtivos.
Informações sobre o solo
É importante conhecer e monitorar a composição mineral e orgânica dos solos. Por mais fértil que seja o solo, as plantações em crescimento acabam esgotando os seus nutrientes.
Um solo ideal é considerado aquele que apresenta boa profundidade para o armazenamento de água e crescimento das raízes, suprimento adequado de nutrientes, drenagem, atividade biológica e um equilíbrio entre as partes mineral (45%), líquida (25%), gasosa (25%) e orgânica (5%). Uma vez que, além de servir como base e fonte de nutrientes para o desenvolvimento das plantas, o solo serve como importante mecanismo de filtragem de água, decompositor de resíduos, armazenamento de calor e troca de gases.
No solo, está presente quase a totalidade dos nutrientes que são essenciais para o desenvolvimento das plantas e que podem ser agrupados em macronutrientes e micronutrientes do solo.
A definição de macro e micronutrientes se dá pela quantidade do elemento químico que é necessário pela fisiologia das plantas. Os macronutrientes são necessários em maiores quantidades do que os micronutrientes.

Conforme as plantas vão consumindo esses nutrientes, ou eles são levados pela chuva, o solo vai perdendo seu estoque, e é preciso reabastecê-lo. O que é feito por meio da adubação, além da manutenção da matéria orgânica.
A matéria orgânica também é para o bom desenvolvimento de importantes organismos vivos que realizam a ciclagem de nutrientes no solo e consequentemente a reciclagem de nutrientes para as plantas.
Um grama de solo pode abrigar mais de 10.000 espécies bacterianas diferentes, que estão fortemente interconectadas e formam uma rede de organismos. Os microrganismos na área das raízes das plantas (rizosfera), formam comunidades complexas, para cada espécie vegetal e que se beneficiam com a influência das plantas, estabelecendo uma simbiose.
Degradação do solo
A degradação do solo está associada a um declínio na qualidade dos atributos físicos, químicos, biológicos e ecológicos do solo que resultam na sua perda de biodiversidade, estrutura e matéria orgânica por meio de processos de erosão e compactação, bem como atribuições ecossistêmicas prejudicadas. O mau uso do solo causa erosão, contaminação, salinização e vedação e que resulta em perda da capacidade de produção da terra.
Hoje, a degradação do solo afeta aproximadamente 15% da superfície terrestre livre de gelo, e a erosão irreversível já ocorreu em uma área de aproximadamente 430 milhões de hectares.
A inovação no cuidado e práticas que conservam
A ciência agrícola está em constante desenvolvimento e entregando tecnologias que melhoram a produção de alimentos. Há cerca de 150 anos a principal forma de reposição de nutrientes no solo era com aplicação de esterco/estrume. Fertilizantes químicos, uma inovação científica, começou a ganhar mais espaço no campo no início do século XX e permitiu uma reposição de nutrientes mais eficiente no solo, permitindo expansão das lavouras e aumento de produtividade. Atualmente o uso de microrganismos específicos é uma importante inovação que permite o equilíbrio entre uso de fertilizantes químicos, práticas conservacionistas e fertilizantes biológicos (bioinsumos), a aplicação da biotecnologia em microrganismos é a inovação que também estamos vivendo.
Pesquisadores estão agora aplicando a biologia sintética para desenvolver microrganismos geneticamente modificados e que sejam mais eficientes em melhorar a qualidade do solo e/ou disponibilizar os nutrientes necessários para as plantas.
Na agricultura existe uma grande diversidade de práticas e tecnologias que permitem a conservação dos solos, a melhor estratégia é aquela em que o produtor faz de acordo com as características da lavoura (clima, solo, produção).
Na CiaCamp estamos comprometidos com a conservação do solo e seguimos investindo em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias que possam impulsionar a sustentabilidade na agricultura.
Texto desenvolvido por
Dra. Simone Picchi: é CEO da CiaCamp, bióloga com Mestrado e Doutorado em Agronomia. Atuou em pesquisas no Brasil, França e EUA. No pós-doutorado, estudou o potencial antioxidante do NAC em plantas. Hoje, lidera a CiaCamp unindo ciência e inovação no campo.
Descascando a Ciência: empresa de comunicação que traduz a ciência em conteúdos estratégicos e acessíveis. Atuamos com planejamento, produção e divulgação de pesquisas e tecnologias para aproximar ciência, sociedade e mercado.
Principais referências
Gavrilescu, M., Water, Soil, and Plants Interactions in a Threatened Environment. MDPI Water, 2021.
Jansson, J K, Hofmockel, K S, Soil microbiomes and climate change. Nature Review Microbiology, 2020.
Maximillian J. et al., Pollution and Environmental Perturbations in the Global System. Environmental and Pollution Science. 2019.
Stewart B. A., Soil Health Concerns Facing Dryland Agroecosystems. Soil Health and Intensification of Agroecosytems. 2017.